quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O Divino plano

O divino plano

Somos todos partes invariáveis do plano divino...

E que plano...


Quando eu era novo achava que sabia de tudo e não precisava de ninguém para me dizer o que fazer.
Hoje a verdade me salta aos olhos e me traz uma realidade nunca antes sonhada, esperada ou mesmo imaginada, nem em um consciente real, nem muito menos, em uma utopia impertinente da cabeça de um jovem aspirante a sonhador. A verdade da alma, trás a mentira da vida nesse mundo e o plano Divino para cada um de nós torna-se a utopia que outrora, com ou sem você, habitava o coração triste desse jovem que hoje não tem absoluta certeza da verdade. Sim, a verdade da alma, nem muito menos da mentira da vida.
É isso que nos torna, como já dito, partes invariáveis do plano divino.
Mas que plano é esse? Existe, mesmo que longe, no horizonte, uma resposta para as perguntas? Sim, existem perguntas e com toda certeza, para cada uma delas, hão de haver respostas. Mas eu fui apenas uma criança que sabia de tudo e não precisou de ninguém para me dizer as respostas.
É verdade, existe uma resposta Paradoxal para todas as dúvidas, mas não fui capaz de encontrá-las no plano. E nesse plano, divino seja o sábio doutor responsável pela magistral arquitetura, entrelaçamento e complexidade entre as perguntas e respostas.
Quando eu era novo, achava que sabia de tudo. Hoje, só sei que nada sei e sem querer plagiar as palavras do não menos sábio filósofo, me entrego. Não à complexidade irredutível do problema da verdade da alma e mentira da vida, mas me entrego à beleza e maestria da obra de arte desse plano que realmente é divino.

Tem dias que é foda...

Tem dias que é foda...

Tem dia que é foda, que demora a passar. Tem dia que a gente fica pensativo e procura, olhando pela janela, uma mentira boa o suficiente que consiga enganar até mesmo essa amargura que decidiu entrar pelos pensamentos, passou pelos pulmões (arrancando um suspiro) e se instalou bem no meio do peito, do lado do coração, deixando o órgão do tum-tum apertado, o corpo meio lesado e nenhuma vontade de levantar, fazer a barba e sair na rua em busca do “sei-la-o-que” que a gente todo dia procura, mesmo sem ter muita certeza do porque.

O “sei-la-o-que”, pode ser um emprego melhor, o diploma da faculdade, uma imagem melhor no espelho, uma conta bancária com mais dígitos ou mesmo o grande amor da vida de cada um. O certo é que, todos os dias nos levantamos da cama, com um mapa na mão e outro no coração, a procurar esse “sei-la-o-que” que tanto nos impulsiona a melhorar. Mas amigos, tem dias que é foda.
Eu sei disso, mas não sou o único. Você, o visinho, a velhinha da igreja o Papa(é, o Papa, aquele lá do vaticano, com roupas estranhas...) sabem disso e se bobear, até mesmo o Cachorro sabe disso!(cachorro é o nome do meu cachorro).
É simples, por que todo mundo já teve um dia foda na vida. a verdade, todo mundo já teve vários dias fodas na vida, seja por que seu chefe é um pé-no-saco, sua namorada se tornou um pé-no-saco, por que você é um pé-no-saco, ou simplesmente, por que o mundo resolveu lhe dar um belo pé-no-saco.
Mas e ai? O que devemos fazer em um desses dias fodas?
Bem, meu caro leitor, caso eu soubesse a resposta para essa pergunta intrigante, certamente ganharia o prêmio Nobel do “bom-humor”, caso esse prêmio existisse.
O Que a gente faz em um desses dias?!
Acho que, na verdade, cada um faz do seu jeito, cada um procura a fuga que melhor lhe convier. Até mesmo o Cachorro (lembrem, esse é o nome do meu cachorro), sabe o que fazer quando um dia desses resolve lhe cruzar o caminho. Falo isso por que, outro dia, acordei e o Cachorro não estava lá, deitadão como de costume na camisa velha do Mengão que ele usa como colchão (ele é um Flamenguista inveterado), alimentando sua já conhecidíssima preguiça. Levantei e fui procurar por ele. Encontrei o Cachorro com um olhar nostálgico apontando seu fucinho peludo pro prato onde ele diariamente faz suas refeições, uma panela velha e toda amassada. Percebi então, que ele deveria estar usando aquela imagem para lembrar-se de momentos bons de sua vida, já que quando ele simplesmente quer comer, faz questão de acordar todos os vizinhos com seus latidos estridentes. Após Alguns minutos de observação, ele deu a volta e seguiu cabisbaixo pelo corredor ate encontrar sua amada “cama” e lá ficou o resto do dia.

Percebi então que, assim é o ser humano, quando estamos em um desses dias fodas, a gente pega um álbum de fotografias velhas ou aquela caixa de lembrancinhas que você usa para guardar todas as cartas de amor e ursinhos de pelúcia dado pelo(a) ex namorado(a), e ficamos lá, viajando com um olhar nostálgico em direção ao mundo da lua particular de cada um, onde algum publicitário de visão colocou, logo acima do portão de entrada, uma placa com os dizeres: Tá foda né?! Entra que melhora!
Então seguimos o que parece ser um bom conselho, entramos, procuramos uma sombra de árvore para sentar, olhar o tempo, sentir a brisa do vento no rosto e viajar.
Algumas vezes antes de sairmos, deixamos para trás algumas lagrimas que rolam silenciosamente no nosso rosto e ficam para acompanhar aquela amargura que antes nos apertava o peito e que agora será a nova moradora do mundo da lua.
Voltamos para a terra com um sorriso estampado no rosto, uma leveza no corpo e na alma e a eterna certeza de que, vale a pena continuar a viver, pois, como diria o poeta, depois da tempestade, não tem jeito, o sol sempre volta a brilhar.

Desejo

Desejo

"Desejo primeiro, que você ame, e que amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa.
Desejo pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis, e que em pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar, e porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos; Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante; não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais, e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer e que sendo velho não se dedique ao desespero. Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós. Desejo por sinal que você seja triste; não o ano todo, mas apenas um dia. Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom; o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal; porque assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga "Isso é meu", só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por você, mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar. Desejo por fim que você sendo um homem, tenha uma boa mulher, e que sendo uma mulher, tenha um bom homem e que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer, não tenho nada mais a te desejar."

Victor Hugo

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Gangorra da Vida



Gangorra da vida...

Na vida, a única coisa certa é a morte. Pensando nisso friamente chego a conclusão de que a vida realmente é louca. Vivemos procurando acertar, fazer as coisas funcionarem, colocar as idéias no lugar e acertadamente tomar as decisões. Porem, a única coisa certa na vida é um antagonismo gritante, a morte.

Vivemos um paradoxo diário, lutando para que nada de ruim nos aconteça, mas fazendo o mal aos outros. Passamos a vida toda acabando a nossa saúde para juntarmos dinheiro e na velhice, gastarmos tudo com médicos e hospitais. Queremos sempre ser melhor do que o colega ao lado, mas sabemos que no final das contas acabaremos todos na mesma situação, mortos debaixo da terra.

Quando penso em tudo isso, chego a conclusão que melhor é não pensar em mais nada, até por que sempre aparecem tantas idéias e divagações que nunca consigo concluir um raciocínio de maneira eficaz. Quando nasci, todos sorriam, apenas eu chorava, quando morrer, todos irão chorar, porem eu estarei sorrindo. Acho que, na verdade, é a vida a única coisa certa na morte. Isso explica nossa necessidade de viver e vencer. Quando nascemos estamos morrendo e quando morremos nascemos para o que realmente interessa e é importante. Pois, nada que juntamos na terra, levamos conosco, tudo fica e é devorado pelos gananciosos mortos que nesse mundo vivem.

Esse paradoxo grosseiro que supostamente vivemos, nos serve de lição, aprendizado e teoria. Quando enfim, voltarmos para o que achamos que é a morte, veremos o que fizemos do que achamos ter sido nossas vidas, aprenderemos com nossos erros e assim caminharemos não rumo a perfeição por ser ela inatingível, porem, o mais longe possível da imperfeição.

E ai, voltaremos a morrer e a nascer, vezes e vezes, incansavelmente. Até, quem sabe um dia, não precisarmos mais viver essa gangorra da vida e da morte, tão dolorosa, mas não menos necessária para o aprendizado. Afinal de contas, essa é a razão da vida que é a única coisa certa na morte, e da morte, que é a única coisa certa na vida. Pois uma não existiria sem a outra.

Dessa vez, cheguei a uma conclusão. A morte completa a vida assim como a vida o faz com a morte. Os antagonismos, de tão opostos, se atraem e em uma regra matemática ainda desconhecida, acabam se anulando, ou se completando. Como queiram...

domingo, 11 de novembro de 2007

O Sonho...

O sonho...

Hoje eu acordei feliz, sorridente, radiante. Sem nenhuma razão especial, simplesmente a alegria irradiava de dentro do âmago. O celular misteriosamente não tocou a noite toda. Aquele estrondoso e arrebatador silêncio me ocasionou uma feliz noite de sonhos leves e fáceis...

Diria, outrora, ser eu, escravo do barulho. Como não poderia deixar de ser, a liberdade acarretou uma maravilhosa sensação. Parecia que eu tinha asas, bem plumadas, mas não menos leves. Perecia que eu viajava, para um lugar distante e cheio de cor. Idéias surreais brotavam em minha mente ao longo do vôo panorâmico sobre a maravilhosa cidade desconhecida, mas que, de alguma forma,

não me era estranha. No subconsciente, eu sabia que ali tinha sido uma antiga morada.

As asas batiam e, impulsionado por rajadas de vento, a velocidade aumentava de maneira alarmante enquanto o vento batia em meu rosto, mas isso estava longe de ser um problema. Os acontecimentos iam se moldando ao passar das voltas do ponteiro no relógio. Algumas vezes as coisas eram nítidas, outras, nem tanto. Mulheres e velhos amigos cruzavam o caminho de uma maneira rápida e sem parar para dar-me muita atenção. Percebi, então, que aqueles eram acontecimentos vividos por mim. Sem dúvida não poderia chamar aquilo de “deja-vú”, mas também não tenho absoluta certeza de como chamar. Lagrimas rolaram. Rever as velhas mancadas doeu, mas serviu para aprender com os erros do passado. Novamente, lagrimas rolaram, pois rever sucessos do passado era simplesmente emocionante.

Pensei que poderia ir mais adiante, talvez aquilo fosse o passado, caso estivesse certo, o futuro não seria uma barreira. Bati asas e alcei vôo. Na busca pela realidade futura me deparei com uma espécie de encruzilhada. Na dúvida, não soube por qual trilha rumar e resolvi parar para perguntar por onde ir. Um bom velhinho com ar de “Mestre dos magos” falou-me:

-“Infinitas vezes me arrebataram com essa pergunta, infinitas vezes fiquei calado. Muitas foram às vezes que desistiram, mas não menos foram às vezes que insistiram. Aos que desistiram, coube o insucesso, aos que insistiram, o silêncio. Outras tantas vezes me perguntaram por que é que sou tão calado, mas saiba que perguntas não vão lhe mostrar. Por que ninguém vive de perguntas e sim de respostas.”

Confuso, decidi trilhar pela estrada que apontava para o norte, não sei ao certo se foi a escolha mais inteligente, talvez nunca venha a saber. Apenas sei que estava ansioso.

O futuro me esperava e no momento em que estava mais possuído por essa idéia foi exatamente quando tomei um grande susto. O velhinho estava logo a minha frente.

Pensei, então, que estava andando em círculos, mas logo percebi que não. Afinal de contas, o Mestre dos magos aparecia e desaparecia quando bem queria e no meu sonho não seria diferente.

“Meu jovem - fui interrompido por ele ao me aproximar- o insucesso, existe de maneira travestida na vida de todos. Mas só na vida daqueles que não aprendem com os erros do passado é que ele vem a tona. Agora siga e lembre-se: ninguém vive de perguntas e sim de respostas.”

Decidi seguir o que parecia ser um bom conselho e continuei a caminhada. Não tinha absoluta certeza do que viria pela frente, mas não queria desistir, pois lembrei que no passado o insucesso veio de mãos dadas com a desistência.

A expectativa de ver o futuro era tamanha que nem percebi a distancia que percorri, só me dei conta quando mais uma vez avistei aquela figura atarracada, baixinha, de cabelos e barbas grisalhas. Dirigi-me a ele e tentei dizer algo, mas antes que as palavras saíssem da minha boca ele disse: “Jovem. O que procuras, não acharás. O futuro não existe, ele está aí para ser escrito e é por isso que não se pode viver de perguntas. Perguntas não escrevem páginas. Mas respostas, essas sim, enchem livros e enchem vidas.”

Como não poderia deixar de ser, o celular tocou, tomei um grande susto e pulei da cama em direção àquela maquininha infernal que tão útil vem a ser. Tinha a nítida impressão de ter vivido tudo aquilo, mas com a grande dúvida de não saber ao certo toda a verdade.

A verdade, é que eu estava feliz, sorridente, radiante. Talvez, nunca mais venha a ver o sábio velhinho. Talvez, nunca saberei ao certo o que ocorrera naquela noite. Terá o caminho do norte sido o certo? Qual o motivo de tanto silêncio?

Muitos são os “talveres”, e muitas são as perguntas. Algumas são as certezas. A única coisa que sei é que não estou mais aqui para perguntar, e sim, para responder. Bons sonhos.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Tarde de Domingo...


Imaginem uma tarde de domingo. Calçadão da beira mar, sol se pondo, vento no rosto, água de coco e paz, muita paz...

- E ae Fulano, como anda a vida?

- Grande Sicrano a quanto tempo, tudo tranqüilo, tentando levar né.

Sicrano é aquele seu velho amigo que o tempo e as “coisas da vida” levaram para longe de você.

- Rapaz, tem visto alguém da velha moçada?

- Bicho, faz tempo que não esbarro com ninguém.

Estranho como o tempo passa e a gente parece não perceber, ou sei lá, talvez não preste atenção que, com ele, vão-se alguns bons amigos, pessoas que, em determinado momento da nossa vida, pareciam ser “pra sempre”, como aqueles amigos que moravam no mesmo prédio ou na mesma rua, ou estudavam na mesma escola ou jogavam bola no mesmo parque. Companheiros inseparáveis, amigos para o que der e vier, para todas as aventuras ou noitadas intermináveis, partidas de futebol inesquecíveis ou viagens loucas. Amigos que te consolaram quando você tomou aquele chifre e que te sacanearam muito quando você ficou bêbado, dormiu na praia e acordou de cueca, te roubaram e você nem percebeu (merdas acontecem). Amigos de todas as horas e etc, etc, etc...

- Pois e cara, eu também nunca mais vi ninguém, sabe como é né, muito trabalho, muita correria.

Tenho que concordar, infelizmente a vida nos força e obriga a gastar a maior parte do tempo ocupados com atividades muitas vezes enfadonhas, poucas vezes excitantes, mas quase sempre necessárias. Acabamos, ocupados demais pra lembrar de que, todo dia tem um belo por do sol, ou o canto do roxinol, ou o simples quebrar das ondas no mar, ou o prazer de ter alguém pra amar. O dia a dia nos torna pessoas corriqueiras e a rotina em uma fiel companheira.

- É. Correria e trabalho. Já não tenho tempo pra nada. Acho que estou precisando de férias.

Férias! Puts! Precisamos de férias para descansar e recarregar as baterias. O trabalho nos traz estress e o estress nos deixa maluco. Passamos a vida toda, ou pelo menos boa parte dela, trabalhando. Juntando dinheiro, buscando o sucesso e assim, no final das contas, nossa saúde “vai pro espaço”. Então, precisamos gastar tudo o que juntamos pra cuidar da saúde para, quem sabe, viver alguns anos a mais. Que ironia não? Mas é a vida e, como já foi dito, merdas acontecem.

- Cara, nem me fale mais de trabalho, que eu já estou pra ficar maluco. Mas e ae, o coração como anda? Casado? Filhos?

- Casado. 3 filhos. E você?

- Solteiro, mas não por opção, ta difícil achar alguém que valha a pena hoje em dia.

Dizem que todo homem tem 3 grandes amores na vida. O primeiro você conhece na escola, namoro de criança que, vira e mexe, vira namoro serio e acaba em casamento. Esses casos são raros, costumo dizer que eles são almas gêmeas(pra que acredita nisso).

Restam então, duas grandes paixões. Uma delas, pode ter certeza, você vai conhecer em uma praia do nordeste, numa daquelas férias inesquecíveis, quando você ainda é um jovem irresponsável, estudante universitário, dono do mundo e da verdade. No tempo onde qualquer coisa menos que o mundo, seria como um coito interrompido. Você vai se apaixonar, amar, ir nas nuvens, dar risadas, assistir o sol nascendo com uma garrafa de vinho de cinco litros do lado e o corpo suado, fazendo amor na praia. Tudo isso em 22 dias de um “summer love” inesquecível. Você vai encarar o amor como um precipício, onde a pessoa simplesmente se joga, e reza pro chão nunca chegar(vi isso em um filme e sempre quis falar), mas porque a vida é assim, irônica, o chão chega em forma de ultimo dia de férias. Vocês se abraçam, juram amor eterno, (a distancia não pode e não vai separar um amor assim) e, um mês depois de pileque,em alguma balada você se da conta de que o melhor e seguir em frente (Merdas acontecem) e aquela loira te olhando na pista de dança significa “seguir em frente”, nem que seja só por uma noite.

É nesse momento que você se da conta de que, com Trinta e poucos anos e sozinho, você esta a procura de alguém especial, sentindo falta de um afago ou um cafuné, de um eu te amo depois do orgasmo ou ate mesmo, quem diria, daquela temerosa frase: Precisamos discutir a relação. Mas calma amigo, você ainda tem uma chance, ainda falta um grande amor!

- Pois é Fulano, você é que tem sorte. Casamento da muito trabalho.

Impressionante como o ser humano nunca esta feliz com o que tem e como a vida dos outros sempre nos parece mais legal, mais excitante. Particularmente, procuro encarar o mundo com outros olhos e, ao invés de reclamar do que me falta, exaltar o que tenho. Pode não ser muita coisa, mas é meu e assim, vou vivendo a vida, juro que vou, na paz, sempre sendo o que sou.

É aquela velha história, inclusive meio clichê, do copo d’agua, metade cheio e metade vazio. Sempre tem alguém que vai olhar e dizer, “mas que droga, um copo d’agua pela metade”, outros que dirão, “que beleza, metade cheio” e ainda, os que olharão para o copo e, indiferentes, beberão a água. Aos primeiros, meus mais sinceros pêsames. Aos segundos, sejam bem vindos ao meu mundo e aos últimos, indiferença à sua indiferença diante de um mundo ávido por mudança de atitude e de postura, afinal de contas, que homem é o homem que não faz do seu mundo, um mundo melhor?!

- Rapaz, vou indo, Prazer te reencontrar ein, manda um abraço pros teus Pais.

- Vai lá bicho, boa sorte e ate a próxima.

E assim, você vira as costas e segue seu caminho. Ou então fica lá parado, olhando seu passado devarzinho ir embora e se perder por ai. Com ele, vão as lembranças de um tempo onde tudo parecia “pra sempre”, e com a certeza de que, como disse o poeta, o “pra sempre” sempre acaba.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O segundo mágico

Ele, sentado, pensando qual foi a última vez que alguma coisa lhe tirou o ar. Quando alguma coisa realmente excitante lhe aconteceu e lhe fez parar e simplesmente suspirar!

Ela passando, andando distraidamente em direção a lugar nenhum, perdida em seus pensamentos, mesmo sendo pensamentos sem algum nexo, simplesmente entregue a magia da vida, curtindo sua felicidade, em cada pedacinho.

Os olhares se cruzam. Estranho como o olhar sempre diz tudo. È impossível disfarçar a magia que existe no olhar. Olhar dentro do olho de uma pessoa é investigar seus mais íntimos segredos, desnudar a verdade, descobrir os desejos.

Então, por mais clichê que possa soar, rola uma química louca entre aqueles olhares. Ele continua sentado. Ela, para. Disfarçar, olha para o lado, mexe no cabelo e pensa: mas simplesmente não consegue pensar em nada. Continua parada, aqueles segundos passam lentamente, é agoniante e ao mesmo tempo sufocante. É estranho e ao mesmo tempo parece muito familiar. Na verdade, é uma porção de coisas, mas ela não consegue entender. Não consegue se virar e continuar andando, não sabe o que fazer, mas tem certeza de uma coisa, é sensacional.

Ele, hipnotizado, perde os sentidos por uma fração de segundo e indo ao seu estado de mais puro êxtase, pensa: mas simplesmente, não consegue pensar em nada. Respira e suspira. Continua sentado esperando que aqueles segundos intermináveis durem uma eternidade, ou pelo menos a eternidade que pode durar um segundo. Sabe que nunca poderia explicar o que sentiu e não está nem um pouco preocupado com isso. È simplesmente tão estranho quanto belo. Inesperado, com certeza, mas, de certa forma, esperado por toda uma vida, com o perdão ao antagonismo, e com o direito ao paradoxo.

O tempo passa, para todo o resto do mundo, mas não para eles.

Ele levanta. Olhando dentro do olho dela. Ela, parada, espera e sente o coração palpitar violentamente dentro do peito tentando fugir, sair correndo para algum lugar onde o inesperado seja o conhecido, mas com a certeza de que o desconhecido é mais intensamente maravilhoso.

Ela, parada, respira, suspira. Respira mais uma vez enchendo o peito de ar procurando achar forças para entender aquele momento de pura magia. O ar entra pelas suas fossas nasais com a difícil missão de levar até o sangue não só o oxigênio necessário para a vida, deve levar à razão o entendimento do momento, mas acaba levando ao coração, o que ninguém foi, um dia, capaz de descrever, mas apelidaram carinhosamente de amor.

Ele, agora em pé, em estado de choque ensaia uma reação, dar dois passos em direção a Ela que já não sabe o que fazer. Respira, suspira. Respira mais uma vez enchendo o peito de ar, buscando desesperadamente achar forças para entender aquele momento mágico. Incube o Ar com a heróica tarefa de levar à sua razão o entendimento do momento, mas acaba colocando em suas mãos a flecha que o cupido generosamente lhe cravará no coração.

Ele para. Não que não queira ir até ela, e sem falar uma única palavra saciar a vontade de beijá-la, de tê-la em seus braços, para todo o sempre. Acha estranho uma pessoa que ele nunca viu nessa vida, arrebatar-lhe de maneira tão intensa. Não que ele não quisesse ir até ela e dizer tudo aquilo que esta sentindo no momento, mesmo sem saber o que diria por não entender o que se passa. Ela, parada, espera. Olho no olho que liga alma na alma, o coração no coração o desejo no desejo ímpar de formar um par. Ela, da um passo em direção a Ele que simplesmente dá um passo em direção a ela enquanto sente o coração dentro do peito cavalgar de emoção tentando entender pelo menos alguma coisa que seja, já que a única coisa que pode entender é o nada, palavra sem tradução que consegue traduzir exatamente tudo, mas não ali.

Ele lembra rapidamente que a poucos momentos pensava quando foi a ultima vez que alguma coisa lhe excitou fazendo-o perder o fôlego, rir sarcasticamente (mesmo que só no pensamento) pensa na ironia e logo que da mais um passo em direção a Ela esquece de lembrar de qualquer coisa(não quer perder nenhum segundo da eternidade no momento). Ela pensa que, a momentos estava pensando em alguma coisa, mas não consegue lembrar o que era, solta um sorriso sarcástico (mesmo que só em pensamento) e logo que da mais um passo em direção a ele, esquece de lembrar de qualquer coisa, com certeza, também não quer perder nenhum segundo da eternidade do momento.

Ela, imagina como seria beijá-lo. Ele, anda em direção a ela, imaginando com seria beijá-la. Ela, sente o sentimento a flor da pele, transpirando sensação, aspirando o cupido, esperando a flechada generosa no coração. Perde os sentindo e a cada passo recobra a razão, mesmo sabendo que em momentos, nada mais será racional, nada mais será simples e tudo se tornará simplesmente amor.

Ele dá mais um passo. Ela da outro passo e a medida que a distancia diminui aumenta o desejo. Aumenta a adorável sensação angustiante que o momento proporciona, mais uma vez, com o perdão ao paradoxal. A cada passo, o coração acelerado parece pedir mais, pedir logo. Pedir atitude. Pedir o que quer que seja.

Não existe mais distancia entre os dois. Ele pára. Ela espera. Parados, olhando fixamente dentro dos seus olhos, cada um pode sentir o calor do momento. Cada um entende o que o outro tem certeza. Ele pode sentir a palpitação do coração dela que tem a absoluta certeza que suas almas estão ligadas a partir daquele exato segundo mágico.

Não existe nostalgia. Não existe passado, não existe presente, nem futuro. Não existe nem mesmo aquele nada de outrora, não existe estrelas, a lua não está lá. As pessoas que passam ao lado, não existem, o banco, os carros, o vento que balança o cabelo dela, não existe e a musica que se ouve ao fundo, diz o que não se pode escutar. Quase que instantaneamente, um silêncio toma conta do local. Tudo começa a andar em câmera lenta, e o máximo que eles escutam são sinos mágicos, tocando ao fundo...

...E esse foi o ultimo primeiro beijo de cada um deles.