quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O segundo mágico

Ele, sentado, pensando qual foi a última vez que alguma coisa lhe tirou o ar. Quando alguma coisa realmente excitante lhe aconteceu e lhe fez parar e simplesmente suspirar!

Ela passando, andando distraidamente em direção a lugar nenhum, perdida em seus pensamentos, mesmo sendo pensamentos sem algum nexo, simplesmente entregue a magia da vida, curtindo sua felicidade, em cada pedacinho.

Os olhares se cruzam. Estranho como o olhar sempre diz tudo. È impossível disfarçar a magia que existe no olhar. Olhar dentro do olho de uma pessoa é investigar seus mais íntimos segredos, desnudar a verdade, descobrir os desejos.

Então, por mais clichê que possa soar, rola uma química louca entre aqueles olhares. Ele continua sentado. Ela, para. Disfarçar, olha para o lado, mexe no cabelo e pensa: mas simplesmente não consegue pensar em nada. Continua parada, aqueles segundos passam lentamente, é agoniante e ao mesmo tempo sufocante. É estranho e ao mesmo tempo parece muito familiar. Na verdade, é uma porção de coisas, mas ela não consegue entender. Não consegue se virar e continuar andando, não sabe o que fazer, mas tem certeza de uma coisa, é sensacional.

Ele, hipnotizado, perde os sentidos por uma fração de segundo e indo ao seu estado de mais puro êxtase, pensa: mas simplesmente, não consegue pensar em nada. Respira e suspira. Continua sentado esperando que aqueles segundos intermináveis durem uma eternidade, ou pelo menos a eternidade que pode durar um segundo. Sabe que nunca poderia explicar o que sentiu e não está nem um pouco preocupado com isso. È simplesmente tão estranho quanto belo. Inesperado, com certeza, mas, de certa forma, esperado por toda uma vida, com o perdão ao antagonismo, e com o direito ao paradoxo.

O tempo passa, para todo o resto do mundo, mas não para eles.

Ele levanta. Olhando dentro do olho dela. Ela, parada, espera e sente o coração palpitar violentamente dentro do peito tentando fugir, sair correndo para algum lugar onde o inesperado seja o conhecido, mas com a certeza de que o desconhecido é mais intensamente maravilhoso.

Ela, parada, respira, suspira. Respira mais uma vez enchendo o peito de ar procurando achar forças para entender aquele momento de pura magia. O ar entra pelas suas fossas nasais com a difícil missão de levar até o sangue não só o oxigênio necessário para a vida, deve levar à razão o entendimento do momento, mas acaba levando ao coração, o que ninguém foi, um dia, capaz de descrever, mas apelidaram carinhosamente de amor.

Ele, agora em pé, em estado de choque ensaia uma reação, dar dois passos em direção a Ela que já não sabe o que fazer. Respira, suspira. Respira mais uma vez enchendo o peito de ar, buscando desesperadamente achar forças para entender aquele momento mágico. Incube o Ar com a heróica tarefa de levar à sua razão o entendimento do momento, mas acaba colocando em suas mãos a flecha que o cupido generosamente lhe cravará no coração.

Ele para. Não que não queira ir até ela, e sem falar uma única palavra saciar a vontade de beijá-la, de tê-la em seus braços, para todo o sempre. Acha estranho uma pessoa que ele nunca viu nessa vida, arrebatar-lhe de maneira tão intensa. Não que ele não quisesse ir até ela e dizer tudo aquilo que esta sentindo no momento, mesmo sem saber o que diria por não entender o que se passa. Ela, parada, espera. Olho no olho que liga alma na alma, o coração no coração o desejo no desejo ímpar de formar um par. Ela, da um passo em direção a Ele que simplesmente dá um passo em direção a ela enquanto sente o coração dentro do peito cavalgar de emoção tentando entender pelo menos alguma coisa que seja, já que a única coisa que pode entender é o nada, palavra sem tradução que consegue traduzir exatamente tudo, mas não ali.

Ele lembra rapidamente que a poucos momentos pensava quando foi a ultima vez que alguma coisa lhe excitou fazendo-o perder o fôlego, rir sarcasticamente (mesmo que só no pensamento) pensa na ironia e logo que da mais um passo em direção a Ela esquece de lembrar de qualquer coisa(não quer perder nenhum segundo da eternidade no momento). Ela pensa que, a momentos estava pensando em alguma coisa, mas não consegue lembrar o que era, solta um sorriso sarcástico (mesmo que só em pensamento) e logo que da mais um passo em direção a ele, esquece de lembrar de qualquer coisa, com certeza, também não quer perder nenhum segundo da eternidade do momento.

Ela, imagina como seria beijá-lo. Ele, anda em direção a ela, imaginando com seria beijá-la. Ela, sente o sentimento a flor da pele, transpirando sensação, aspirando o cupido, esperando a flechada generosa no coração. Perde os sentindo e a cada passo recobra a razão, mesmo sabendo que em momentos, nada mais será racional, nada mais será simples e tudo se tornará simplesmente amor.

Ele dá mais um passo. Ela da outro passo e a medida que a distancia diminui aumenta o desejo. Aumenta a adorável sensação angustiante que o momento proporciona, mais uma vez, com o perdão ao paradoxal. A cada passo, o coração acelerado parece pedir mais, pedir logo. Pedir atitude. Pedir o que quer que seja.

Não existe mais distancia entre os dois. Ele pára. Ela espera. Parados, olhando fixamente dentro dos seus olhos, cada um pode sentir o calor do momento. Cada um entende o que o outro tem certeza. Ele pode sentir a palpitação do coração dela que tem a absoluta certeza que suas almas estão ligadas a partir daquele exato segundo mágico.

Não existe nostalgia. Não existe passado, não existe presente, nem futuro. Não existe nem mesmo aquele nada de outrora, não existe estrelas, a lua não está lá. As pessoas que passam ao lado, não existem, o banco, os carros, o vento que balança o cabelo dela, não existe e a musica que se ouve ao fundo, diz o que não se pode escutar. Quase que instantaneamente, um silêncio toma conta do local. Tudo começa a andar em câmera lenta, e o máximo que eles escutam são sinos mágicos, tocando ao fundo...

...E esse foi o ultimo primeiro beijo de cada um deles.

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