domingo, 11 de novembro de 2007

O Sonho...

O sonho...

Hoje eu acordei feliz, sorridente, radiante. Sem nenhuma razão especial, simplesmente a alegria irradiava de dentro do âmago. O celular misteriosamente não tocou a noite toda. Aquele estrondoso e arrebatador silêncio me ocasionou uma feliz noite de sonhos leves e fáceis...

Diria, outrora, ser eu, escravo do barulho. Como não poderia deixar de ser, a liberdade acarretou uma maravilhosa sensação. Parecia que eu tinha asas, bem plumadas, mas não menos leves. Perecia que eu viajava, para um lugar distante e cheio de cor. Idéias surreais brotavam em minha mente ao longo do vôo panorâmico sobre a maravilhosa cidade desconhecida, mas que, de alguma forma,

não me era estranha. No subconsciente, eu sabia que ali tinha sido uma antiga morada.

As asas batiam e, impulsionado por rajadas de vento, a velocidade aumentava de maneira alarmante enquanto o vento batia em meu rosto, mas isso estava longe de ser um problema. Os acontecimentos iam se moldando ao passar das voltas do ponteiro no relógio. Algumas vezes as coisas eram nítidas, outras, nem tanto. Mulheres e velhos amigos cruzavam o caminho de uma maneira rápida e sem parar para dar-me muita atenção. Percebi, então, que aqueles eram acontecimentos vividos por mim. Sem dúvida não poderia chamar aquilo de “deja-vú”, mas também não tenho absoluta certeza de como chamar. Lagrimas rolaram. Rever as velhas mancadas doeu, mas serviu para aprender com os erros do passado. Novamente, lagrimas rolaram, pois rever sucessos do passado era simplesmente emocionante.

Pensei que poderia ir mais adiante, talvez aquilo fosse o passado, caso estivesse certo, o futuro não seria uma barreira. Bati asas e alcei vôo. Na busca pela realidade futura me deparei com uma espécie de encruzilhada. Na dúvida, não soube por qual trilha rumar e resolvi parar para perguntar por onde ir. Um bom velhinho com ar de “Mestre dos magos” falou-me:

-“Infinitas vezes me arrebataram com essa pergunta, infinitas vezes fiquei calado. Muitas foram às vezes que desistiram, mas não menos foram às vezes que insistiram. Aos que desistiram, coube o insucesso, aos que insistiram, o silêncio. Outras tantas vezes me perguntaram por que é que sou tão calado, mas saiba que perguntas não vão lhe mostrar. Por que ninguém vive de perguntas e sim de respostas.”

Confuso, decidi trilhar pela estrada que apontava para o norte, não sei ao certo se foi a escolha mais inteligente, talvez nunca venha a saber. Apenas sei que estava ansioso.

O futuro me esperava e no momento em que estava mais possuído por essa idéia foi exatamente quando tomei um grande susto. O velhinho estava logo a minha frente.

Pensei, então, que estava andando em círculos, mas logo percebi que não. Afinal de contas, o Mestre dos magos aparecia e desaparecia quando bem queria e no meu sonho não seria diferente.

“Meu jovem - fui interrompido por ele ao me aproximar- o insucesso, existe de maneira travestida na vida de todos. Mas só na vida daqueles que não aprendem com os erros do passado é que ele vem a tona. Agora siga e lembre-se: ninguém vive de perguntas e sim de respostas.”

Decidi seguir o que parecia ser um bom conselho e continuei a caminhada. Não tinha absoluta certeza do que viria pela frente, mas não queria desistir, pois lembrei que no passado o insucesso veio de mãos dadas com a desistência.

A expectativa de ver o futuro era tamanha que nem percebi a distancia que percorri, só me dei conta quando mais uma vez avistei aquela figura atarracada, baixinha, de cabelos e barbas grisalhas. Dirigi-me a ele e tentei dizer algo, mas antes que as palavras saíssem da minha boca ele disse: “Jovem. O que procuras, não acharás. O futuro não existe, ele está aí para ser escrito e é por isso que não se pode viver de perguntas. Perguntas não escrevem páginas. Mas respostas, essas sim, enchem livros e enchem vidas.”

Como não poderia deixar de ser, o celular tocou, tomei um grande susto e pulei da cama em direção àquela maquininha infernal que tão útil vem a ser. Tinha a nítida impressão de ter vivido tudo aquilo, mas com a grande dúvida de não saber ao certo toda a verdade.

A verdade, é que eu estava feliz, sorridente, radiante. Talvez, nunca mais venha a ver o sábio velhinho. Talvez, nunca saberei ao certo o que ocorrera naquela noite. Terá o caminho do norte sido o certo? Qual o motivo de tanto silêncio?

Muitos são os “talveres”, e muitas são as perguntas. Algumas são as certezas. A única coisa que sei é que não estou mais aqui para perguntar, e sim, para responder. Bons sonhos.

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