terça-feira, 26 de agosto de 2008

JOVEM BUSCADOR

Precisamos de mais poesia. A música entra pelos poros e desperta uma sensação inquietante, mas isso está longe de ser um problema. Desperta lá de dentro, a lembrança de um jovem buscador que um dia habitou nossas mentes e corações e que, acima de tudo, sonhava com um Mundo e simplesmente o buscava. Buscava as pessoas e buscava, a qualquer custo, as emoções.

Cada um de vocês sabem exatamente do que estou falando. Todos, um dia, foram jovens buscadores. Buscou aquela pipa do mengão e, no dia que parecia ser o melhor dia da sua vida, ganhou ela de presente de natal, brincou como um louco pelas ruas do bairro com aquele presente magnífico durante cinco inesquecíveis dias, até que a esqueceu embaixo da cama para buscar aquela bola de futebol que parecia a melhor bola de futebol do mundo. Lembrou até de escrever uma empolgada carta pra FIFA, aconselhando o Presidente a usá-la na final da copa de 86. (Ainda bem que a FIFA não lhe deu ouvidos, odiaria ver Maradona driblando metade do time Inglês e fazendo aquele golaço, logo com aquela bola. Aquela bola não, seria traição!)

Buscou inquietantemente ser o escolhido pela menina mais linda da sala e arrancar um eterno beijo, nem que esse beijo durasse um segundo interminável na famosa e não tão inocente assim brincadeira de criança (Pêra, uva, maçã, salada mista...)

Buscou e continuou buscando. Cresceu buscando, entrou na faculdade e, por ironia do destino, foi logo buscando a menina mais linda da sala. Buscou lutar pela Igualdade, pela Liberdade, por uma Alemanha sem muros e uma China sem muralhas. Tudo era motivo de busca, o fim do racismo, um mundo mais justo, uma Europa sem fronteiras, o fim das guerras, mesmo que fossem frias. Buscava sem medo de ser feliz, acabou entrando em algumas frias por causa da mania de buscar. Correu da polícia por acampar na reitoria ou por gritar bêbado “EU TE AMO” embaixo da janela da menina mais linda da sala. Buscou de tudo, até um almoço mais digno e ao mesmo tempo mais barato no restaurante universitário, lutou arduamente nas eleições do Centro acadêmico e acabou descobrindo que se formar não era a coisa mais importante da vida. Buscou tanto que acabou se desfazendo em mil pedaços para que alguém juntasse. Buscou achar explicação para o que sentia por ela, a menina mais linda da sala e descobriu que não necessariamente precisava buscar a menina mais linda da sala, simplesmente por ela ser assim, tão linda, e, de tanto buscar, descobriu que existem valores e razões mais importantes. Como um anjo caído, fez questão de esquecer e parar de buscar explicação para aquilo que sentia, descobriu que tem coisas que, por mais que se busque, não se acha uma explicação, pois, elas simplesmente não se explicam.

Buscou, simplesmente. Até que algum dia, alguma pessoa de pouco amor e de pouca fé, que já tinha esquecido de quem era e da importância de ser um jovem buscador lhe disse que você não era mais tão criança para passar a vida buscando e foi aí que você deixou de ser você, quando parou de buscar.

E é por isso que hoje estou aqui, implorando por mais poesia, por mais músicas e mais bailes, por mais “Sins” e muito menos “Nãos”. Essa é a razão dessas humildes palavras. Grito com toda a força dos pulmões por mais Amor. Anseio por mais lágrimas de emoção nos olhos, por muitos mais “eu te amos”, por cachoeiras de sensações e rios de sentimentos.

Precisamos resgatar aquele garoto buscador que existe esquecido dentro de cada um de nós. Precisamos re-acreditar nesse mundo, nessa humanidade. Não me canso de dizer que precisamos. Precisamos e precisamos muito de muito mais cores e arco-iris, precisamos de mais dias de verão para que os pontos finais se tornem, cada vez mais, reticências...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Dizem que não há nada pior que a solidão. Eu digo que isso não é verdade.
Passei os últimos meses da vida experimentando o sabor da solidão. Cada minuto e cada segundo em que me deixei levar pelos pensamentos ora inquietantes, ora reconfortantes de que o que é meu está guardado, esperando a hora certa de aparecer, trouxeram a exata noção da verdade sobre o que é a solidão.
Em meio a tantas reflexões, descobri que, na verdade, não estou sozinho.
Não estou sozinho, simplesmente por que a solidão é minha companheira. Fiel companheira eu diria. Descobri que não é por que estou sozinho que obrigatoriamente esteja solitário. Existe uma diferença abismal entre um e outro.

Para deixar as coisas bem claro, eu diria que basicamente a diferença está no estado de espírito e na maneira como cada um vê e encara os fatos.

Posso falar por mim, e nesse caso, afirmar com absoluta certeza que a solidão passou a ser minha companheira e nunca deixa que me sinta solitário. Pacientemente, ela me faz companhia quando a noite chega ostentando uma belíssima lua cheia, deixando-me livre para pensar e divagar sobre qualquer coisa referente a mim, meu futuro, ou mesmo meu presente, ou passado. Acompanha minhas caminhadas de fim de tarde, na praia deserta, enquanto o sol lentamente se põe por trás dos montes fazendo-me lembrar dos momentos felizes que passei, das risadas ou mesmo das lágrimas. A solidão, por mais entranho que possa parecer, ocupa espaço suficiente nos meus dias não deixando tempo para que a tristeza ou a melancolia tome conta dos meus pensamentos, trazendo uma agradável sensação de que mesmo estando sozinho, estou muito bem acompanhado por mim mesmo.

Na verdade, o que muitos chamam de solidão eu chamo de companheira. O que tantos preferem empurrar abismo abaixo, eu seguro firmemente a mão e chamo para bailar, olho nos seus olhos verdes e sigo meu caminho, com a exata certeza de que a felicidade estará sempre dentro de mim. Com a certeza de que só preciso de mim mesmo para seguir meu caminho firmemente em busca seja lá de quais forem meus objetivos, sejam lá quais forem meus ideais, sejam quais forem meus desejos e aspirações.
Por isso, tenho certeza de que em todo o percurso, mesmo que esteja sozinho, estarei acompanhado. Que venha a solidão e que seja ela muito bem vinda.