quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tem horas que é melhor esquecer

Tem horas que é melhor esquecer. E esperar o dia amanhecer

Nem muitas vezes procurei achar onde errei. Nem foram tantas as vezes que procurei onde acertei. Mas como vou saber?
Tem horas que e melhor esquecer.

Esquecer da vida, dos problemas e principalmente, das aflições. Quem sabe a gente pode se entender ou se for tarde de mais, que seja assim. Espere o dia amanhecer, pois não vou mais me importar nem chorar, esperar por quem ha tempos deixou de vir.
Agora, como eu vou saber se tem horas que é melhor esquecer?

Vou sair. Vou sair sem rumo, sem lenço e sem documento. Vou sair pra ver o sol, esperar pela lua e suas fieis companheiras, as estrelas. Eu nunca quis presenciar o fim, agora que tudo se foi e que nada restou pra mim, vou embora sem pensar. Sem pensar no que ficou nem no que se foi. Agora sei que são coisas que somente o tempo irá curar.
Mas me diga, por favor, diga.
Como vou saber se tem horas que e melhor esquecer?

Como vou saber se têm horas que é melhor esquecer ou se esquecer alguma hora é o melhor? Quantas são as duvidas? Poucas são as respostas para as muitas perguntas. Penso em esquecer, mas penso também que esquecer é fugir da verdade, fugir da verdadeira realidade que está bem na frente dos meus olhos e eu nunca fui de fugir de coisa alguma. Não, eu nunca fui assim.
Agora espero o dia amanhecer pra ver o que é melhor fazer.

Dias atrás, pensava em muitas coisas, não é assim mais. Nunca mais espero passar por tudo aquilo, tantos dias sem entender o porquê do sofrimento. Olho pra trás, mas penso e sigo em frente pra nunca mais viver assim.
E agora, como vou saber se têm horas que é melhor esquecer?
É por isso que agora estou aqui, esperando o dia amanhecer, pra ver o que é melhor fazer.

Vou parar, vou descansar, não quero mais pensar. Nada faz sentido, tudo me deixa louco. Na verdade, não sei bem o que é tudo isso, nem sei onde fica o final e se é que existe um. Procuro ao menos a luz no fim do túnel e quando tudo me vem à mente, vejo com clareza a inferioridade dos problemas diante da magnitude das soluções. Lembro-me então, do poeta que disse em momento de pura inspiração, que o sol sempre voltará a brilhar. È nessa hora que olho pra cima e contemplo o espetáculo da dança das estrelas e da lua. Vejo, então uma estrela candente desfilando pelos céus e penso em fazer um pedido, lembro-me de todas as aflições que me corroia o âmago a poucos momentos e esqueço de pedir por elas, esqueço de pedir por mim. Lembro-me das outras varias pessoas que podem estar vendo a mesma estrela cadente e pedindo coisas muito mais importantes. Deixo, então, que a estrela se preocupe com os problemas dessas pessoas, tão mais aflitas, tão mais esperançosas.

Estranho como quase que de repente, vejo luz no fim do túnel e ele está sem paredes. Vejo o sol voltando a brilhar e, assim, esqueço de sofrer.

Lembro-me agora, da primeira frase. Foi exatamente quando não procurei achar onde errei que acertei.
Agora eu sei, existem horas que é melhor esquecer por que só então, o dia irá amanhecer.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

terça-feira, 7 de abril de 2009

Abraço da Felicidade

Abraço da Felicidade

Dane-se! Vou embora daqui. Fecho os olhos e me vejo partir, voando.

Para onde?

Pouco importa.

Esse é sempre o problema de todos que são demasiadamente ordinários. Eles vivem a vida a qual são impostos, submetidos a levar a vida que os outros querem que eles vivam.

Liberdade! Eles não se libertam.

Para onde? Perguntam-me insistentemente.

Para onde?! Exclamativamente. Para onde?!

Para qualquer lugar? Respondo interrogativamente. Quero deixar a dúvida no ar.

Deixo transparecer não saber para onde estou indo e, na verdade, não tenho absoluta certeza. Meu destino é incerto, meu destino é qualquer lugar onde sonhar seja permitido e, assim, vou voando essa noite.

Vejo do alto, as pessoas indo e vindo tentando saciar suas sedes nada puritanas de desejos obscuros tão bem maquiados e camuflados no íntimo de cada um dos que transitam pelas vielas escuras daquele pequeno pandemônio lá embaixo, ou mesmo dos que alimentam suas más tendências no anonimato de suas mentes peçonhentas em noites de volúpia.

Sabe, quero ser feliz. E pouco importa quem se importa ou deixa de se importar. Na maioria das vezes as pessoas só querem ter do que falar ou - o que é pior - ter de quem falar. Estão realmente entediados com suas vidinhas corriqueiras e cheias de rotinas, estão tão cheios de se sentir vazios que acabam sentindo um prazer quase orgasmático em falar e viver a vida alheia.

Quer saber, não vou ficar me preocupando com eles, afinal de contas, quem são eles pra me julgar? Não são nada melhores do que ninguém e, além disso, eles serão os primeiros a darem risadas quando eu ou qualquer outro não for feliz, como eles não são.

Daqui de cima tudo é mais claro, as coisas estão todas desnudas da hipocrisia venenosa que costumeiramente tentam usar para encobrir a verdade. Vou quebrando as regras da sociedade e assim me sinto livre. Por isso voou.

PARA ONDE?

Dane-se! Aqui não vou ficar.

Adaptar-me?! Ser mais um nesse quase admirável mundo novo?!

Não mesmo.
PARA ONDE?!

Mais uma vez e pela última vez.

Para onde?!

Agora sim. Agora posso responder.

Vou para mais perto de mim mesmo. Quem quiser me seguir, basta ter o coração dos que amam a vida e as pessoas da maneira como elas são, essa é a ideologia do amor, esse é o abraço da felicidade, são os olhos da paz e todo o resto que fique para trás.

Bom dia ao novo dia. Bom dia.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Lucy no céu com diamantes

Lucy no céu com diamantes

Imagine-se dentro de um estranho barco, acompanhado de Lucy, uma excêntrica menina com olhos de caleidoscópio, navegando lentamente rio abaixo onde as árvores ao redor parecem feitas de tangerina e o céu acima de nossas cabeças é como uma brilhante e suculenta gelatina.

Nas margens, você caminha com os pés descalços, tocando suavemente as flores feitas de papel celofane amarelas e verdes que balançam ao sabor dos ventos e se sobressaem sobre sua cabeça, algumas atingindo as mais baixas folhas das árvores de tangerina. Em meio à caminhada você parece procurar alguém, procura por ela, a menina que tem o sol em seus olhos, mas estranhamente, ela se foi.

Ela não mais está lá, pois Lucy esta no céu com diamantes

Você procura e procura, mas é em vão. Vira-se lentamente para olhar na direção do rio e avista que em sua margem existem taxis de jornais, onde se podem ler as noticias em todas as partes do carro, nas portas e nas janelas, eles lhe aguardam para levá-lo de lá, para outro local onde, talvez, você possa encontrar quem procura. Mas ainda não é a hora, dê meia volta e suba o rio com sua cabeça nas nuvens e assim, você se foi.

Você se foi para lá, foi para onde ela esta e Lucy está no céu com diamantes.

Agora imagine-se dentro de um trem. É fim de tarde e o sol baixa por detrás das montanhas mágicas onde as plantas são carnívoras e nenhum homem jamais ousou pisar, você está em uma estação onde os carregadores de malas são forjados com massa de modelar e usam gravatas de vidro, como cristal.

É tudo muito mágico, tudo muito astral, você está eufórico, caminha por entre as pessoas que seguem apressadamente, vindas de todos os lugares e indo para onde quer que a imaginação possa levá-las e de repente alguém está lá, você pode sentir, mas não sabe explicar, o coração bate em ritmo de música, os olhos piscam, o tempo parece parar e alguém está lá, ágüem está na catraca. É a menina com os olhos de caleidoscópio. Você fecha os olhos e levanta vôo. Flutua ao sabor dos ventos e agora sim a encontra.

É Lucy e ela está no céu com diamantes.