terça-feira, 2 de junho de 2009

Detalhes

Detalhes

São os detalhes que fazem a diferença.

Ao contrario do que muitas pessoas imaginam, não são os grandes acontecimentos mundiais que realmente importam, estes não passam de eventos simbólicos que simbolizam alguma mudança em determinado período da história humana. São os detalhes singulares que passam despercebidos dentro de cada uma dessas histórias que fazem da vida, o que ela é.

Se vocês acham que na queda do muro de Berlim o que importou realmente foi a derrubada do muro ou na ocasião do incêndio em Roma o fato de Nero ter acendido a primeira tocha para depois poder reconstruir a cidade com esplendor traduz a realidade escondida por detrás de suas verdadeiras razões megalomaníacas, ou ainda, no 11 de setembro, se você acredita que o objetivo era simplesmente derrubar aqueles prédios, vou dizer-lhes uma coisa. Vocês estão redondamente enganados, por trás de tudo isso, sempre existe um detalhe, que é realmente o que fez toda a diferença.

O Brasil não foi descoberto por Pedro Álvares, nada disso, um pequeno e importante detalhe moldou a história da maneira como nós a conhecemos. Na verdade, os Espanhóis chegaram aqui antes, só que eles – digamos assim - esqueceram de contar pra todo mundo. Já Pedrinho, malandro que é, ouviu rumores nos bastidores da corte espanhola durante uma viagem de férias à Espanha. Voltou às pressas para Portugal e tratou de abastecer com mantimentos sua principal caravela, Santa Maria, mandou construir Pinta e Nina, caravelas reservas, para no caso de acontecer algum imprevisto no caminho e levantou velas com destino ao novo mundo. Chegando ao Brasil, ainda encantado com as índias que perambulavam nuas pelas praias da Bahia (Ô Mania feia essa de brasileiro de mostrar a bunda!), deu publicidade ao mundo de tudo o que vira aqui, mandando Pero váz escrever a solene e conhecida carta ao Rei. Resumindo, os Espanhóis chegaram, mas não levaram, já os portugueses saíram contando vantagem e espalhando a notícia pelo mundo afora. Assim, eles ganharam o Brasil e, de quebra, ainda levaram nossas riquezas de brinde. E depois dizem que português é burro, ora pois!

E tem mais, não pensem que acabou. Imaginem vocês, que Adolf, o Kaiser comandante dos exércitos Alemães na segunda grande guerra, que assolou a humanidade, matando aproximadamente 50 milhões de Pessoas, a maioria Judeus, foi, na verdade, cabo do exército Austro-Húngaro, anos antes, durante a primeira guerra mundial. Uma história que poucos sabem, narra um acontecimento em que, por um detalhe, toda a negra história bélica Européia do século passado poderia ter sido completamente diferente.

Conta a história que, durante uma batalha ao Sul da Itália, Hitler estava entrincheirado aguardando o inimigo quando um soldado, comandado por ele na ocasião, avisou que seu coturno estava desamarrado, o então Cabo abaixou-se para amarrar seus cadarços no momento exato em que um disparo havia sido efetuado pelo inimigo escondido pela escuridão da noite. Aquele tiro certeiro parou no monte de areia exatamente atrás de onde estava a cabeça de quem, anos depois, deflagrou a mais sangrenta e repugnante guerra que a humanidade já testemunhou. Ai ai! Detalhes.

Vou contar outra. Lembro-me como se fosse hoje, o cenário era perfeito. Aquele domingo ensolarado confirmava o que o poeta já havia cantado anos antes, o Rio de janeiro continuava lindo. O estádio Mario Filho, que ao longo dos tempos já foi chamado de diversas formas, umas não menos verdadeiras que as outras, estava completamente lotado. Naquela tarde, no templo do futebol, no maior do mundo, ou simplesmente, no Maracanã – como queiram- aconteceu um dos maiores momentos que o Futebol já presenciou, um daqueles momentos que parecem ficar plasmados no tempo e nos corações daqueles que presenciaram. Vasco e Flamengo, rivais históricos, disputavam a final do campeonato Carioca daquele ano. As equipes se equivaliam em todos os aspectos. Técnica, tática e emocionalmente aquela tinha tudo para ser uma bela e inesquecível partida, e foi.

Os dois times se jogaram para o ataque com a sede impar de vencer e, nos minutos finais do segundo tempo, o flamengo vencia pelo placar de 2x1, mas não era suficiente. No primeiro jogo, o Vasco havia vencido e, para ser campeão, o Flamengo precisaria vencer por dois gols de diferença, 2x1 simplesmente não era o suficiente. Foi quando, na tentativa desesperada de parar o ataque rubro-negro, o zagueiro cruz-maltino cometeu uma falta na intermediária de sua defesa. A falta era longe, mas isso não impediu que o meia-atacante flamenguista pegasse a bola e posicionasse para a cobrança. Nas arquibancadas um silêncio ensurdecedor tomava conta das duas torcidas que, aflitas, demonstravam expressões distintas. Os vascaínos torciam pelo fim do jogo, os flamenguistas rogavam aos céus por mais um gol, aquele que daria ao seu time a vitória e o campeonato.

O Sérvio Petcovich ajeitou a bola com um carinho fraternal. Elton, goleiro vascaíno, preparou a barreira com seus mais altos sete jogadores. A torcida, roendo as unhas, nem piscava para não perder nenhum detalhe daquele momento de perigo no jogo. O Juiz apitou autorizando a cobrança, os repórteres prepararam e apontaram suas câmeras. Pet correu e chutou, a bola viajou, desenhando uma curva inacreditável nos céus daquela tarde de domingo, a barreira pulou, a bola por ela passou, o goleiro correu, saltou e se esticou todo, a bola ainda raspou de leve nas pontas de seus dedos antes de atingir as redes transformando aquela metade do estádio em um grito de gol indescritível. O Flamengo mais uma vez era campeão carioca, mas dessa vez não era qualquer título, era um tricampeonato e conquistado logo em cima de seu principal rival e maior “inimigo”, Vasco da Gama.

Uma falta aos 42 minutos do segundo tempo, uma cobrança magistral que raspou nas mãos do goleiro transformou a história daquela tarde, daquele campeonato e, principalmente, daqueles corações apaixonados. Viram? Detalhes

Não é a toa que o poeta um dia cantou para quem quisesse ouvir que, detalhes tão pequenos são coisas muito grandes pra esquecer e, acreditem, a toda hora vão estar presentes, vocês vão ver...