sábado, 8 de maio de 2010

Navegar é preciso senão a rotina te cansa...

Navegar é preciso senão a rotina te cansa...


Hoje eu acordei meio pensativo, aéreo. Deitado na cama, olhando fixamente para o teto, via muito além do que podia enxergar. As estrelinhas de algum material estranho que brilha no escuro que meus pais colaram no teto quando eu tinha muito menos idade e achava que o mundo era muito mais legal do que realmente é, não eram nem de perto obstáculo para onde minha visão conseguia chegar. Aquele teto impiedoso, branco e com estrelas, não era capaz de aprisionar minha alma, que parecia desprender-se do meu corpo e voar, alçar vôo e sair por aí, flutuando ao sabor do vento.

E não sei se isso é bom ou ruim. Eu estava ali, deitado, sabia disso. Mas ao mesmo tempo, como mágica, conseguia me deslocar para diversas partes do mundo e diferentes épocas da minha vida, ia do passado para o futuro em um simples piscar de olhos, era tudo muito astral. Radical.

Relembrar fatos, dados e atos, por vezes machucava e outras tantas vezes me alegrava, imaginar fatos, dados e atos, sempre me excitava. Era um futuro muitas vezes racionalmente inatingível, mas quer saber? Eu não estava muito preocupado, era legal e divertido. Ponto final.

Era Eu, Eu mesmo e mais ninguém, deitado naquela cama, de olhos abertos, encarando o nada e longe, muito longe. Ninguém para atrapalhar e um mundo sem fronteiras para explorar, não havia motivos para se envergonhar, viajar é preciso, senão a rotina te cansa, já disse o poeta.

Então eu viajava e, quanto mais longe ia, mas longe queria ir. Do alto, via um mundo horas colorido, horas em tons cinzas. As partes cobertas de cor, era estranhamente coincidente com o palpitar apressado do meu coração, empolgado com alguma lembrança boa ou esperança de dias melhores, mas nas horas cinzentas, a tristeza se perdia em um horizonte sem pôr do sol, amargo e metódico, arrastado e apagado pelo otimismo e a certeza que depois da tempestade, o sol sempre torna a brilhar.

E foi esse sol, brilhante e radiante que, entrando pelas frestas da cortina mal fechada, trouxe-me de volta para o mundo real, abortando um vôo imaginário de uma mente sonolenta e tantas vezes louca, por insistir em fugir ao trivial. O despertador estrondoso e impiedoso acabou de vez com a fantasia e colocou as coisas em seu devido lugar. Era dia e a vida continua...