sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Ano novo.

Feliz Ano novo.

Os votos sempre serão de esperança. Esperança no ano que se inicia, esperança para poder sonhar e esperar que o novo ano seja maravilhosamente inesquecível. É assim, por que devemos ser otimistas e devemos sempre sonhar.

O homem vive de sonhos. Necessita que sempre que olhe para o horizonte, veja um objetivo distante que deseja alcançar. Assim ele segue em frente e vai sonhando e esperando por dias melhores ou empregos melhores. Melhores oportunidades ou oportunidades maiores. Uma boa esposa e, caso já tenha uma, bons filhos. Caso já tenha bons filhos, segue sonhando que eles encontrem boas esposas e que tenham bons filhos e que assim seja sempre.

Feliz Ano novo. Mas é claro que não podemos nem devemos apenas sentar em uma cadeira à beira mar, olhar para o horizonte, encarando aquele objetivo tão desejado, e esperar que ele caia do céu, simplesmente. Será sempre importante que corramos atrás desses nossos desejos, sejam eles quais forem. Levantar as mangas, encarar de cabeça erguida a vida, lutar e acreditar que aqueles que venceram, conseguiram por que sabiam que a conquista viria invariavelmente, mas com muito suor. O talento ajuda? Claro que sim, mas 90% é transpiração, o resto é talento. Então, encontre seus 10% e depois, mãos à obra, que ela será uma obra prima, acredite.

Sonhe, mas cuidado com o que você sonha. Lembre-se, ele pode se tornar realidade.

Que seja feliz o ano que se inicia, por que o homem não tem que sofrer. Mas por favor, você também não deve sorrir de tudo, pode parecer desespero. A verdade é que umas boas gargalhadas diárias ajudarão a enfrentar o dia a dia com mais humor, ou pelo menos com mais boa vontade.

Assim, desejo que você tenha um ótimo ano. Desejo também coragem pra enfrentar e trabalhar as coisas que você pode mudar, sejam elas grandes ou pequenas. Depois, espero que sejas sereno e forte pra aceitar as coisas que não pode mudar e ainda sábio pra saber distinguir umas das outras.

Sabe, espero que todos tenham um ano novo brilhante, dessa vez, sem nenhum motivo especial, apenas por não querer te desejar nada de ruim. Dessa forma, espero que seja possível fazer o mesmo com os que lhe rodeiam e que eles façam o mesmo com os que estão próximos e se assim for, talvez o mundo viva de maneira harmoniosa, sem guerras civis ou não, sem conflitos internos, sem dor, rancor e pavor. Sem religião, ou pelo menos sem as guerras que elas provocam e se possível com um pouco mais de Amor. Com letra maiúscula.

Por fim, desejo que sejas feliz. Que tenha saúde, paz e sempre muito amor no coração, não só pra recomeçar, mas também pra dar e vender e contagiar. Pois, lembre-se que Amor, com Amor se paga.

E se for assim, não te desejo mais nada, apenas que você seja feliz e que feliz seja o novo ano que se inicia.

...Uma salva de palmas ao ano que passou.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Viva à nostalgia

A nostalgia, dizem, é o combustível da arte.

Por algum motivo inconsistente e nunca provado cientificamente (ou não) esse sentimento agridoce tragicômico mal explicado vem embalando as mentes dos artistas ao longo dos séculos, responsável pelas maiores obras de artes que descansam com ares de superioridade pelos mais famosos museus ao redor do mundo.

O Louvre agradece à Nostalgia.

A história de bastidores que corre pelas grandes universidades, nesse meio acadêmico movido pela vida alheia é a de que Leozinho, o Da Vicci, após reencontrar um grande amor da adolescência e primeira mulher de sua vida (contam), chegou em sua residência, uma espécie de Flat dos tempos antigos, trancou-se e, em meio a divagações, doces lembranças, lágrimas, suspiros e algumas pinceladas, criou aquela que seria a mais famosa pintura da modernidade. Um quadro para o qual seu autor carinhosamente deu o nome de sua musa inspiradora.

Monalisa de Buonarroti Simoni, era uma menina pobre, camponesa e filha de uma antiga empregada da mãe do pintor. Naqueles anos em que a acne deixava Leozinho com cara de poucos amigos, Mona, como era conhecida no sexto ano do colégio evangelista João de Dio, era a única companheira daquele jovem introvertido e com tendências homossexuais. Deu no que deu.

Poderíamos dedicar uma incontável coleção de linhas a respeito de obras de artes inspiradas e criadas em momentos de nostalgia.

Michelangelo não é apenas conhecido como um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano e considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente. Sabe-se que foi inegavelmente um épico e dantesco chifre inglês o verdadeiro responsável pela sua maior e mais conhecida obra de arte.

Aquela pintura do vasto ciclo do teto da Capela Sistina não seria possível se um aspirante a Lorde, Richard Horns, conhecido em vários Pubs simplesmente como Big Richard (Ricardão, em português) primo segundo do conselheiro para assuntos bélicos de Henrique II, Rei da Inglaterra, não tivesse roubado o coração de Marionella Perlutti de Veneza, uma ex prostituta famosa por suas habilidades manuais não necessariamente artísticas (dependendo do ponto de vista) e grande amor da vida daquele ainda não tão famoso artista Italiano.

Impulsionado por uma dor de cotovelo sem precedentes na história antiga pseudo pós-Iluminista, Miguel Ângelo, como era conhecido, trepou-se no auto daquela capela equilibrando-se em uma desequilibrada torre de madeira canadense engenhosamente mal construída, e pôs-se a desenhar. Anos depois a humanidade era presenteada por uma das mais vistosas obras de arte que o homem já produziu, pra quem gosta desse tipo de coisa.


Não paramos por aí. Temos a quase famosa e pouco conhecida história de uma auxiliar de enfermagem Inglesa, nascida e criada em Liverpool nos anos quarenta.

Se é verdade indiscutível que uma mulher chamada Yoko Ono ajudou a separar os Beatles com suas manias pouco ortodoxas, pouco se fala sobre a irônica noticia de quem foi exatamente uma mulher que ajudou a montar aquele fantástico grupo de jovens músicos Ingleses.

Catiusa Maria de Lourdes, descendente de imigrantes do nordeste brasileiro que atravessaram o Atlântico em busca de uma vida melhor, que com a curiosidade característica daquele povo tão sofrido, queriam ver de perto aquilo que chamavam de Primeira Grande Guerra. “Se é grande mesmo, eu quero ver!” Dizia Seu Raimundo, pai de Kate, como ficou conhecida a auxiliar de enfermagem no pacato hospital de campanha armado pelo exército Inglês.

Foi Cate quem fez o curativo nos dedos de Jonh Lennon enquanto o jovem músico repetia sem parar: “I´ve got blisters on my fingers” (“Eu tenho bolhas ou calos em meus dedos”, traduzindo para um português arcaico) e que o apresentou a seu vizinho Paul, o primogênito da família McCartney que, acompanhado de mais dois amigos, Ringo e Jorge, reuniam-se diariamente no porão de sua casa para praticar o que eles chamavam de Rock ´n Roll. Música barulhenta para os ouvidos conservadores dos vizinhos Cearenses.

E como não poderia deixar de ser, foi exatamente esse sentimento nostálgico pouco descrito artisticamente que inspirou um dos maiores sucessos da banda. Quando Jonh e Paul, juntos repartiam uma colorida e psicodélica viagem de LSD compuseram a música Strawberry Fields forever, Jonh contava a Paul sobre uma mágica plantação de morango que costumava visitar quando criança. Ttudo parecia muito irreal e os campos de morango eram pra sempre.” Dizia Jonh.

Paul, anos depois, confessou que não estava entendendo nada do que dizia seu companheiro de banda e afirmou: “mas aquilo não importava no momento, pois, com minha guitarra nas mãos e um sentimento de nostalgia na alma, os acordes pareciam se encaixar.”

Viram? Viva à nostalgia. Palmas.

Embalados com essa nova idéia, muitos artistas puseram-se a criar o que chamavam de obras de arte e, supostamente, culpavam esse sentimento pelas suas falhas e imprecisões. Daí, fomos obrigados a nos deparar com filmes trashs sem finais felizes e com músicas tipo vai Lacraia e ainda, agüentar o evento sobre humano de assistir a própria dancinha da Lacraia ou Laclaia, como cantava o “artista” graças ao seu problema fonoaudiólogo.

Nessas horas, culpo a cultura de massa, a televisão e o senso comum destorcido por eventos pós-modernos destruidores do bom senso. A nostalgia, nada tem a ver com essas modalidades de “Não-artes” nem impulsiona a criação da música sertaneja e do pagode melódico, essas são simplesmente criações de cornos esporádicos e ponto final.

A verdade final inacabada é que essa teoria de imprevisões e imprecisões não encontra colaboradores sistemáticos e renomados ao redor do mundo, foi pura invenção de uma mente fértil e criativa impulsionada por um sentimento de nostalgia pleno.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Homem versus Homem.

Homem versus Homem.

É uma batalha e tanto.

De um lado o “homem instintivo”, animal. Do outro, o “homem espiritual”, racional.

De um lado sua natureza selvagem, resultado de séculos de evolução carnal, apoiada em um Darwinismo selvagem, na luta pela sobrevivência terrena e pela perpetuação da espécie.

Do outro lado a natureza espiritual, fruto de uma longa caminhada evolutiva em busca da perfeição ou, por ser ela inatingível, a tentativa de se distanciar ao máximo da falta dela, a perfeição!

O homem selvagem caminha há séculos pela terra em busca de sobrevivência, tentando saciar sua sede de vida e sua fome instintiva de prazeres terrenos e passageiros, quase sempre pueris e imperfeitos. Luta não mais pela simples sobrevivência da carne, mas por uma passagem terrena regada e banhada no cálice da água viva das cores do mundo.

O homem espiritual sabe que anda lado a lado com o homem selvagem, mas tenta distanciar-se dele. Tem a absoluta certeza da necessidade eminente de salvar-se se livrando daqueles sentimentos que despertam nele seus instintos carnais e que, se não lhe trazem de volta ao marco inicial da longa caminhada, pelo menos atrasam o longo caminho.

Nesse embate secular, visto e revisto em histórias e re-historias escritas e re- escritas pelos quatro cantos da terra, pelos diferentes tipos de homens, muitos sucumbiram, outros tantos transcenderam e a maioria ainda se encontra em meio à árdua batalha, um tanto perdido, mas procurando se encontrar.

O homem espiritual sabe e conhece a necessidade de lutar contra seus demônios. Fecha os olhos e vê claramente no desenho de sua mente o caminho a ser seguido, mas por vezes acaba sucumbindo às más tendências e se entregando aos vícios da carne. Vícios tão doces e tentadores. Imperfeição.

O homem animal caminha de mãos dadas com seu espírito humano, lembrando-lhe, de tempos em tempos, de que ainda está vivo, de que continua na batalha e que não pretende se entregar tão fácil.

Traz as lembranças daquele mundo cheio de vida, em que os dias pautam-se em noites intensas e intermináveis, que se alimentam na memória das vicissitudes adoráveis, porém passageiras de um trem em que o trilho ruma a um norte desconhecido. Seu desejo de querer mais, desperta a curiosidade de saber aonde esse trilho vai lhes levar e, assim, ele puxa pelos braços o homem espiritual, dizendo: “vem comigo!”

Enquanto isso, o espírito humano relutante busca desvencilhar-se, por saber que em sua consciência o peso do arrependimento será maior que o prazer da experiência. Ele por vezes vence e por vezes é vencido. Nessas horas o choro é inevitável e a reparação necessária, enquanto nas horas da vitória, honras e palmas são ouvidas no fundo de seu orgulhoso universo particular.

A dúvida assola aos dois. A vontade de viver é tão forte quanto a certeza da necessidade de caminhar pelo caminho do bem, do certo e do justo. As portas estão bem diante de todos eles, resta saber qual abrir. A escolha é árdua, algumas portas são mais largas que as outras, mas cabe a eles decidir. Lhes eles foi dado uma faculdade imponderável, o livre arbítrio. A luta continua. Boa sorte e que vença o melhor.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Poema de Gratidão
Divaldo Pereira Franco, conferencista espírita e, acima de tudo, cristão...

" Muito obrigado Senhor!
Muito obrigado pelo que me deste e pelo que me dás.
Pelo pão, pela vida, pelo ar, pela paz.

Muito obrigado pela beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar
Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil
E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil.

Muito obrigado Senhor!
Porque eu posso ver meu amor.
Mas diante da minha visão
Eu detecto cegos guiando na escuridão
que tropeçam na multidão
que choram na solidão.

Por eles eu oro e a ti imploro comiseração
porque eu sei que depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão!

Muito obrigado Senhor!
Pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro
A melodia do vento nos ramos do olmeiro
As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro!

Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais, que se houve uma vez e ninguém a esquece nunca mais!
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro.
E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro!

Pela minha alegria de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir
Porque eu sei
Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir!

Obrigado pela minha voz
Mas também pela sua voz
Pela voz que canta
Que ama, que ensina, que alfabetiza,
Que trauteia uma canção
E que o Teu nome profere com sentida emoção!

Diante da minha melodia
Eu quero rogar pelos que sofrem de afazia.
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia.
Oro por eles
Porque eu sei, que depois desta prova, na vida nova
Eles cantarão!

Obrigado Senhor!
Pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram
Que semeiam, que agasalham.
Mãos de ternura que libertam da amargura
Mãos que apertam mãos
De caridade, de solidariedade
Mãos dos adeuses
Que limpam feridas
Que enxugam lágrimas e dores sofridas!

Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias!
Pelas mãos que atendem a velhice
A dor
O desamor!
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio!
E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar!

Obrigado Senhor!
Porque me posso movimentar.
Diante do meu corpo perfeito
Eu te quero rogar
Porque eu vejo na Terra
Aleijados, amputados, decepados, paralisados, que se não podem movimentar.

Eu oro por eles
Porque eu sei, que depois desta expiação
Na outra reencarnação
Eles também bailarão!

Obrigado por fim, pelo meu Lar.
É tão maravilhoso ter um lar!
Não é importante se este Lar é uma mansão, se é uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor, um bangalô, uma casa do caminho ou seja lá o que for.

Que dentro dele, exista a figura
do amor de mãe, ou de pai
De mulher ou de marido
De filho ou de irmão
A presença de um amigo
A companhia de um cão
Alguém que nos dê a mão!

Mas se eu a ninguém tiver para me amar
Nem um teto para me agasalhar,
nem uma cama para me deitar
Nem aí blasfemarei.
Pelo contrário, eu te direi

Obrigado Senhor!
Porque eu nasci!
Obrigado porque creio em ti
Pelo teu amor, obrigado senhor!"

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Bem vindos Senhoras e Senhores ao Novo Mundo

Bem vindos Senhoras e Senhores ao Novo Mundo.

Sentem-se e sintam-se confortáveis. Cheguem mais um pouco, divirtam-se. Afinal de contas, esse mundo é pra vocês. Ele é de vocês.

Para isso, para chegarmos à perfeição e construir um mundo novo, cheio de cores, onde os arco-íris são a regra, trabalhamos muito e arduamente. Mudamos aquela realidade cinza a que estávamos acostumados. Cidades sujas e superlotadas por aquele povo que só queria saber de sugar. Mandamos eles embora, pra bem longe, onde não poderão nos importunar.

Chega!

Não mais flanelinhas! Aquela coisa chata de pessoas nos pedindo alguns trocados com um pano sujo na mão, uma cara de flagelado suicida com o pretexto descabido de que estavam “pastorando” nossas Mercedes e Hilux´s. Convenhamos né. Absurdo.

Supostos limpadores sujos de vidros limpos nos sinais de trânsito, pra que? Temos nossos potentes jatos de água elétricos especialmente projetados para tal fim. Aquela cara lavada fazendo gestos com as mãos dizendo: Deixa que eu limpo, você me paga depois, na próxima! E que acabavam te vencendo na insistência. Nunca mais. Já nos livramos deles.

Lembra aquelas crianças esquecidas pelo mundo que vagavam pelo calçadão da Beira mar com uma lata de cola na mão, tentando enganar a fome e os nossos olhos em meios a pequenas delinqüências juvenis? Pois é. Livramos-nos delas também. Para onde mandamos elas? Que diferença faz? Olhem ao redor. O importante é a limpeza do local. A gente agora pode andar sossegado, sem temer assaltos, carteiras batidas e etc. Você pode comer sua pipoca em paz, ninguém mais vai te pedir o finalzinho.

Por falar em Beira mar, vocês viram como ela ficou limpinha? Não tem mais cheiro de esgoto né? Limpamos ela também. Tudo isso pra vocês se sentirem mais confortáveis.

Sim, gente. Calma. Eu sei que precisamos de gente pra limpar nossas casas, cozinhar nossas comidas, lavar nossas roupas, dirigir nossos carrões e nos levar ao shopping. Tudo isso foi pensado. Tudo isso foi friamente calculado. Vocês não contavam com minha astúcia.

Selecionamos algumas pessoas. Os mais limpinhos e educados, deixamos em um local estratégico, guardados ao alcance de nossas vontades legítimas. Basta estralar os dedos ou assobiar. Traremos eles até aqui. Mas aconselhamos que vocês não tenham muito contato e intimidade com esse tipo de gente, sabe? Nada de muita conversa. Não dêem muita atenção ao que eles dizem, por que esse povo adora fazer um charme de pobres coitados pra despertar um sentimento de piedade nesses nossos tão grandes corações.Corações afáveis.

Eles são assim mesmo, nunca estão felizes com que tem. Como dizia o antigo ditado popular, nós damos a mão, eles já querem o braço. Colocamos essas pessoas em um lugar todo ajeitadinho, providenciamos transporte digno (apesar do calor) para que eles possam vir até nós e, as vezes, até permitimos que recebam uma contrapartida. Vocês sabem né? Algum tipo de pagamento para que fiquem mais felizes, mas é impressionante. Sempre tem gente que reclama. Eu sei, é mesmo um absurdo!

Enfim, esse Novo Mundo foi especialmente construído para vocês, pessoas de garbo e elegância, que sabem apreciar bons vinhos e um bom caviar. Uma boa música ou uma obra de arte. Pessoas finas e educadas. De uma sofisticação memorável e invejável. Vocês são os verdadeiros donos desse local, não aqueles, aqueles animais sujos e peçonhentos que ficam se digladiando por um pedacinho de mundo, por um lugar ao sol. Por um pouco de felicidade digna. Quem são eles para pleitear direitos? Por acaso em suas veias correm sangue nobre? Por acasos eles tem a audácia de achar que são iguais a nós? Nunca. De forma alguma. Não mesmo.

Sim! Subimos os morros. Se você quer mesmo saber, colocamos os blindados nas ruas e fizemos uma limpeza étnica no local. Já não era hora. A situação estava ficando incontrolável. Nossos morros, que deveriam estar cobertos por uma vasta vegetação, encontravam-se tomados por aqueles projetos de pessoas. Em nossas ruas, transitavam transportes abarrotados de populares, com seus escapamentos poluidores deixando um rastro de fumaça preta no ar. Acabamos com tudo isso! Estamos livres, ouviram? Livres!

Agora é tudo nosso. Não temos mais engarrafamentos quilométricos diários e enfadonhos que nos tiravam horas preciosas em que poderíamos estar praticando nossos delicados afazeres ou interessantes hobbies.

Bastou uma política de limpeza social privilegiando os mais abastados, afinal de contas, esses são realmente os escolhidos de Deus para governarem a terra. Bem aventurados sois vós, pois herdaram o mundo. O Novo Mundo.

Palmas!