quinta-feira, 21 de julho de 2011

Religare

Tem um cara, Bernardo Guimarães é o nome dele. Não sei de onde veio nem pra onde vai, só sei que para esse texto dele, tiraria o chapéu, se de chapéu estivesse.

"A intenção é de continuar falando da nova religião, desta vez com os mandamentos, fundamentos, princípios, como queiram.


1. Não há proibições de qualquer natureza, tipo não pode dançar, cortar o cabelo, transar antes do casamento, usar camisinha, fumar, beber, ter filhos sem casar, essas coisas- e aqui respondo às primeiras perguntas que me fizeram no texto anterior. Nada é proibido a não ser falta de caráter! Promiscuidade também está por fora. Pode tudo e o limite é a responsabilidade consigo e com o outro. Pode homem com homem, mulher com mulher e homem com mulher. Com animal, não deve, mas os meninos criados no interior não queimarão no mármore do inferno se comerem uma jeguinha. Drogas, pode, desde que não exagere e se tiver tendência ao uso abusivo ( traço familiar), cuidado! e se cair, tem de pedir ajuda e todos tem de ajudar.


2. Não há pecado, a não ser os brabos, tipo roubar, estuprar, matar, corromper. Os leves não serão considerados, por exemplo: xingar, bater uma, brigar com irmãos, desejar o próximo.


3. Não há rituais, orações, compromissos de frequentar um templo, aliás, não há templo. Os encontros devem acontecer por livre desejo de tantos quantos quiserem se encontrar, onde quiserem e pelo tempo que desejarem. Nada de forçar a barra; nem me convidem pra encontros de formatura! Vou não, quero não, posso não...


4. O meio ambiente será respeitado. Intervenções serão permitidas desde que o fim justifique os meios. Pode fazer Usina Hidrelétrica, esse negócio de viver sem energia, tá por fora. Os animais só podem ser abatidos se criados para esse fim ( galinha, peixe, porco, boi). Animal silvestre, nunca!


5. Não há sacerdotes e ficaremos livres de títulos como bispa, irmão, cardeal, xamã, médium, etc. Tambem estão fora de tempo chamar de companheiro e camarada. Amigo, pode e é suficiente.


6. Se precisarmos de um símbolo, o de Paz e Amor dos '60 dá pro gasto. Ainda gosto muito dele"


Ah, ia esquecendo. O link pra quem quiser conferir de perto é esse:
http://xeudizer.blogspot.com/

Palavras?




Palavras?
Suspiros. Sentimentos e sentimentos aflorados, à flor da pele. Tudo é intensidade, pulsa! Faz vibrar, vira e revira os olhos procurando não achar. Nada se explica e tudo se entende, é automático.
Ela não é apenas mais uma mulher e essa não é apenas mais uma história de amor. São várias historias, pequenas historias que se somam e se juntam formando um relicário imenso desse amor. Amor que dura, amor que tem durado. Até quando? Não se sabe e ninguém quer saber. Não faz nenhuma diferença. O futuro não se vê em cartas ou búzios. O futuro não esta escrito na palma da mão direita. O futuro está diante dos seus olhos, sempre um segundo à frente, constantemente.
Ele não é apenas mais um homem e essa não é apenas mais uma história de amor. São varias historias escritas e compiladas, somadas e embrulhadas em um pacote colorido selado com lágrimas, algumas de emoção, outras de gratidão e poucas de dor. A dor é inevitável. O amor decepciona não raras vezes, mas o amor também é capaz de fazer esquecer, ele transpõem e transborda lavando e levando embora o universo cinza da decepção.
Ela e ele não são apenas um casal e essa não é apenas mais uma história de amor. Até porque cada historia de amor escrita, desde as primeiras historias de amor vividas, é especial. Cada uma tem um ingrediente único, peculiar a cada romance e que desenha no céu do infinito os traços de varias emoções, e à cores.
Juntos, o tempo parece voar. Separados o tempo parece desmentir o poeta e para. O inquietante da distância é o que torna inquietantemente saboroso estar junto e estar junto significa formar um só.
Para sempre?
Quem sabe.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Eu devia estar dormindo


Eu devia estar dormindo

Eu devia estar dormindo. Olho pela janela e o silêncio tranqüilo da noite acusa que o mundo dorme. Janelas entreabertas deixam escapar fiapos de histórias de seus habitantes, ruídos de conversas e traços de sonhos inacabados e meio escritos em meio ao universo de cores, mesmo que em preto em branco. As ruas desertas parecem me convidar a sair vagando pela penumbra procurando achar, seja lá o que for. Seja o desconhecido que desfila diante dos olhos ou o bom e velho paradoxo de emoções que não se explica, que não se pode ver, só sentir. Que levanta o fiapo de cabelo, que esfria a espinha, que arranca lágrimas, que isso, que aquilo e nada mais importa.
Eu devia estar dormindo. Tento ouvir o silêncio, mas é em vão. Grito! Mas tudo que escuto são algumas doces vozes:  "calar a boca!!!" cheias de amor, por que eu prefiro ver assim. O amor, dizem, está subestimado. Aos céticos olhos cientistas, nada que uma caixa de chocolate não possa resolver. O bombardeio hormonal no cérebro é o mesmo, a sensação é a mesma, mas cadê os suspiros? Onde estão as lágrimas? Quantas histórias o chocolate já escreveu? Quantos Romeus e quantas Julietas? Quantos homicídios pacionais? Quantas intrigas e planos maquiavélicos? O chocolate não tá com nada, no máximo alguns Coelhinhos, e na páscoa! Por isso, devia aproveitar o silêncio da noite e sair em passeata , mesmo que sozinho, pelas ruas semi-desertas. Pelo amor!
Eu devia estar dormindo. Nos braços de Morféu encontraria a viagem oculta em cada sonho e acordaria, com o sol. Lembrando de partes de uma viagem só não tão psicodélica quando comparada à inebriante sensação causada pela explosiva mistura de vinho doce e barriga vazia. Eu podia estar caindo, podia estar voando ou podia estar a assistindo aos Beatles no mágico ano de 1967. Eu podia estar no México, é julho de 1970 e o Carlos Alberto acaba de marcar o quarto gol contra a Itália. Um chutaço,  lindo! Eu podia, mas não estou.
Eu devia estar dormindo. Ao meu redor todos dormem, até o cachorro. Principalmente o cachorro. Pensando bem, que vida tem o cachorro. Não faz nada, nem precisa. Tem casa comida e roupa lavada (Roupa???) e tudo que ele precisa fazer é ter um monte de amor pra dar, e ele tem, sempre. Basta ouvir o barulho fantástico das chaves girando a fechadura e pronto. Lá esta ele com o rabo balançando, pulando feito doido de um lado pro outro, o Chorro só quer atenção. Sim, Chorro é o nome dele, fica mais fácil de lembrar e difícil de confundir, na hora de chamá-lo, basta gritar: Vem Cá, Chorro!!!
Eu devia estar dormindo. As letras no teclado do computador já começam a se misturar. Vejo o “A” e o “S”, antes vizinhos inseparáveis, em uma árdua e melancólica discussão gramatical. O “p”, pê da vida com o “q”, não sabe por que, mas tenta convencer o “v” a vê melhor o que o os irmãos “m” e “n” estão armando. Uma revolução na escrita que não vai deixar espaço nem pra barra de espaço. "Abaixo à pontuação!" Eles gritam. Não mais vírgulas ou pontos, sejam de exclamação, interrogação ou mesmo, pasmem, reticências. Nessa historia toda, só quem não sabe ainda como se posicionar é o “ç”, que ainda não decidiu se é letra ou pontuação. Sem preconceitos! E respeitemos as diferenças.
Eu devia estar dormindo. Definitivamente.
Talvez eu esteja dormindo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

FONTE DA JUVENTUDE

FONTE DA JUVENTUDE

Impossível ser para sempre jovem. E não falo, procuro ou espero ser e continuar jovem para sempre por questões estéticas, minha preocupação é com espírito. A alma do jovem lhe permite buscar, arriscar e se jogar de cabeça no infinito dos sonhos e na escuridão do desconhecido sem medo do que ou de quem vai encontrar.
O astral do jovem na sua forma de ver o mundo, a despretensão com que ele escolhe a porta número três, reflete sua coragem e explica perfeitamente por que não a porta número dois ou número um, tanto faz, todas as portas tem, do lado de lá o desconhecido e a excitação, ingredientes que, quando misturados nas veias pulsantes do jovem, bombardeiam seu neófito coração com um sentimento de quero mais fulminante.
Para o Jovem tudo é aventura e é por isso que ele vai de peito aberto com a coragem no olhar e diz: Pode vir! Mas o que? Tanto faz. Pode vir e que sejam muito bem vindos. Seja bem vinda a vida, as lágrimas, de dor ou de amor, o amargo, ou o doce. Pode vir à cores ou em preto em branco (como o gol do Pelé em 58), pode vir a galope ou a passos de tartaruga, que venha em silêncio, berrando ou, simplesmente, cantando “o poeta não morreu, foi ao inferno e voltou...” Podem vir os jardins do Éden, o cristo, a torre, a muralha ou a estátua, a liberdade do jovem mixada com sua sede do novo e a ânsia do desconhecido lhe coloca ali, de braços e peito abertos para dizer, podem vir. E se vier, que venha, pois o Jovem quer sentir, ele quer sensações, pontos finais não são, nem de perto, suficientes, ele quer reticências, quer frio na barriga e arrepio na espinha, o sorriso estampado é regra enquanto a seriedade, exceção.
Porém, como um dia profetizou o poeta, o tempo não para. Ele passa e, com ele, leva muito mais que a juventude. O tempo leva a coragem daquele garoto que queria mudar o mundo, mas que agora assiste a tudo de cima do muro, com a cabeça baixa e a sensação amarga de ver o rosto emoldurado pelas rugas que o tempo trouxe e abandonou naquela imagem que o espelho reflete.
Tudo que restam são lembranças. Lembranças que trazem a nostálgica sensação da finitude da alma e da escassez dos dias. Aquela mente que, um dia, imaginou um mundo cheio de cor, agora se arrepia por vê-lo coberto de dor e sente que o fim se aproxima, impiedosamente, coberto com uma capa preta, a foice na mão e um olhar maligno com um sorriso sarcástico de canto de boca. E não adianta espernear.
A solução?
Ser jovem pra sempre.
Como?
Olhando pra dentro de si e buscando a fonte da juventude que tem dentro de cada coração que se amargura e de cada alma que se inquieta presa dentro daquele corpo que parece desistir e que reza por dias melhores.
Até aceito que a imagem que o espelho reflita transpareça os anos que se passaram, mas a imagem que só o espírito enxerga é que vai dizer quem você é, realmente.