segunda-feira, 4 de julho de 2011

FONTE DA JUVENTUDE

FONTE DA JUVENTUDE

Impossível ser para sempre jovem. E não falo, procuro ou espero ser e continuar jovem para sempre por questões estéticas, minha preocupação é com espírito. A alma do jovem lhe permite buscar, arriscar e se jogar de cabeça no infinito dos sonhos e na escuridão do desconhecido sem medo do que ou de quem vai encontrar.
O astral do jovem na sua forma de ver o mundo, a despretensão com que ele escolhe a porta número três, reflete sua coragem e explica perfeitamente por que não a porta número dois ou número um, tanto faz, todas as portas tem, do lado de lá o desconhecido e a excitação, ingredientes que, quando misturados nas veias pulsantes do jovem, bombardeiam seu neófito coração com um sentimento de quero mais fulminante.
Para o Jovem tudo é aventura e é por isso que ele vai de peito aberto com a coragem no olhar e diz: Pode vir! Mas o que? Tanto faz. Pode vir e que sejam muito bem vindos. Seja bem vinda a vida, as lágrimas, de dor ou de amor, o amargo, ou o doce. Pode vir à cores ou em preto em branco (como o gol do Pelé em 58), pode vir a galope ou a passos de tartaruga, que venha em silêncio, berrando ou, simplesmente, cantando “o poeta não morreu, foi ao inferno e voltou...” Podem vir os jardins do Éden, o cristo, a torre, a muralha ou a estátua, a liberdade do jovem mixada com sua sede do novo e a ânsia do desconhecido lhe coloca ali, de braços e peito abertos para dizer, podem vir. E se vier, que venha, pois o Jovem quer sentir, ele quer sensações, pontos finais não são, nem de perto, suficientes, ele quer reticências, quer frio na barriga e arrepio na espinha, o sorriso estampado é regra enquanto a seriedade, exceção.
Porém, como um dia profetizou o poeta, o tempo não para. Ele passa e, com ele, leva muito mais que a juventude. O tempo leva a coragem daquele garoto que queria mudar o mundo, mas que agora assiste a tudo de cima do muro, com a cabeça baixa e a sensação amarga de ver o rosto emoldurado pelas rugas que o tempo trouxe e abandonou naquela imagem que o espelho reflete.
Tudo que restam são lembranças. Lembranças que trazem a nostálgica sensação da finitude da alma e da escassez dos dias. Aquela mente que, um dia, imaginou um mundo cheio de cor, agora se arrepia por vê-lo coberto de dor e sente que o fim se aproxima, impiedosamente, coberto com uma capa preta, a foice na mão e um olhar maligno com um sorriso sarcástico de canto de boca. E não adianta espernear.
A solução?
Ser jovem pra sempre.
Como?
Olhando pra dentro de si e buscando a fonte da juventude que tem dentro de cada coração que se amargura e de cada alma que se inquieta presa dentro daquele corpo que parece desistir e que reza por dias melhores.
Até aceito que a imagem que o espelho reflita transpareça os anos que se passaram, mas a imagem que só o espírito enxerga é que vai dizer quem você é, realmente.

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